Em 2007, a IAEA (International Atomic Energy Agency) apresentou um símbolo complementar ISO (International Organization for Standardization) para Radiação Ionizante. Até hoje as pessoas me perguntam porque os hospitais ainda não adotaram este novo símbolo em suas portas. Bom, não é por aí...
Este novo símbolo (ISO 21482), que vem complementar e não substituir o símbolo já existente, destina-se a fontes perigosas de radiação, capazes de causar lesões graves ou morte e deverá ser aplicado nos dispositivos que contenham tal fonte de radiação. Em alguns casos, poderá ser aplicado debaixo da cobertura da fonte, sendo apenas visível caso haja desmantelamento do equipamento. Não é um símbolo destinado a ser aplicado em portas, grades ou locais afastados da fonte de radiação. Potenciais aplicações do símbolo são irradiadores, equipamentos de radioterapia e unidades de radiografia.
A necessidade deste novo símbolo surge da constatação das grandes dificuldades de compreensão do símbolo do existente (veja abaixo).
A necessidade deste novo símbolo surge da constatação das grandes dificuldades de compreensão do símbolo do existente (veja abaixo).
O trifólio não possui qualquer significado inerente, é uma representação abstracta à qual foi convencionado associar o significado de radiação ionizante. Claro que, sem aprendizagem e memorização do significado não haverá compreensão. Nesse sentido, com esta nova representação, ambiciona-se a obtenção de um símbolo universal, que seja facilmente compreendido por todos e que transmita a ideia de “Perigo, fuja, mantenha-se afastado”.
Para o desenvolvimento do novo símbolo foi criada uma equipe multidisciplinar, envolvendo designers, ergonomistas e especialistas em proteção contra radiações. Do trabalho dessa equipe resultaram diversas alternativas que foram, numa fase inicial, testadas com crianças. As cinco variantes que tiveram sucesso nesta fase foram, posteriormente, testadas pelo Instituto Gallup, em 11 países por todo o mundo (Brasil, Polónia, EUA, Marrocos, Quénia, Arábia Saudita, China, Índia, Tailândia, Ucrânia e México). Desta forma procurou-se garantir que, o novo símbolo, conseguisse transmitir, com sucesso, a mensagem de forma universal, independentemente da idade, educação ou bagagem cultural.
A escolha da melhor solução foi obtida através da realização de um teste de compreensão, segundo o procedimento sugerido pela norma ISO 9186 (2001). Esse teste, que foi realizado a 1650 pessoas, consiste numa avaliação da compreensão, que é realizada na forma de uma entrevista estruturada com exibição do símbolo impresso a cores. Os participantes foram agrupados em 2 grupos, um com baixo nível de educação e outro, o grupo de controle, com um nível médio de educação. Foram escolhidos participantes de meio rural e urbano. Os investigadores registaram as reações iniciais, a força da mensagem e qual a melhor alternativa para o objetivo estabelecido. Assista aqui o vídeo em que uma pesquisadora da equipe fala sobre este processo (em inglês).
Então, no ambiente hospitalar, nada mudou. Apenas foi criado um símbolo que pudesse orientar quando da proximidade de fontes radioativas que ofereçam alto risco imediato. Felizmente, não é o nosso caso.
Fonte: IAEA