O símbolo complementar de radiação ionizante

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Em 2007, a IAEA (International Atomic Energy Agency) apresentou um símbolo complementar ISO (International Organization for Standardization) para Radiação Ionizante. Até hoje as pessoas me perguntam porque os hospitais ainda não adotaram este novo símbolo em suas portas. Bom, não é por aí...

Este novo símbolo (ISO 21482), que vem complementar e não substituir o símbolo já existente, destina-se a fontes perigosas de radiação, capazes de causar lesões graves ou morte e deverá ser aplicado nos dispositivos que contenham tal fonte de radiação. Em alguns casos, poderá ser aplicado debaixo da cobertura da fonte, sendo apenas visível caso haja desmantelamento do equipamento. Não é um símbolo destinado a ser aplicado em portas, grades ou locais afastados da fonte de radiação. Potenciais aplicações do símbolo são irradiadores, equipamentos de radioterapia e unidades de radiografia.

A necessidade deste novo símbolo surge da constatação das grandes dificuldades de compreensão do símbolo do existente (veja abaixo).


O trifólio não possui qualquer significado inerente, é uma representação abstracta à qual foi convencionado associar o significado de radiação ionizante. Claro que, sem aprendizagem e memorização do significado não haverá compreensão. Nesse sentido, com esta nova representação, ambiciona-se a obtenção de um símbolo universal, que seja facilmente compreendido por todos e que transmita a ideia de “Perigo, fuja, mantenha-se afastado”.

Para o desenvolvimento do novo símbolo foi criada uma equipe multidisciplinar, envolvendo designers, ergonomistas e especialistas em proteção contra radiações. Do trabalho dessa equipe resultaram diversas alternativas que foram, numa fase inicial, testadas com crianças. As cinco variantes que tiveram sucesso nesta fase foram, posteriormente, testadas pelo Instituto Gallup, em 11 países por todo o mundo (Brasil, Polónia, EUA, Marrocos, Quénia, Arábia Saudita, China, Índia, Tailândia, Ucrânia e México). Desta forma procurou-se garantir que, o novo símbolo, conseguisse transmitir, com sucesso, a mensagem de forma universal, independentemente da idade, educação ou bagagem cultural.

A escolha da melhor solução foi obtida através da realização de um teste de compreensão, segundo o procedimento sugerido pela norma ISO 9186 (2001). Esse teste, que foi realizado a 1650 pessoas, consiste numa avaliação da compreensão, que é realizada na forma de uma entrevista estruturada com exibição do símbolo impresso a cores. Os participantes foram agrupados em 2 grupos, um com baixo nível de educação e outro, o grupo de controle, com um nível médio de educação. Foram escolhidos participantes de meio rural e urbano. Os investigadores registaram as reações iniciais, a força da mensagem e qual a melhor alternativa para o objetivo estabelecido. Assista aqui o vídeo em que uma pesquisadora da equipe fala sobre este processo (em inglês).
 
Então, no ambiente hospitalar, nada mudou. Apenas foi criado um símbolo que pudesse orientar quando da proximidade de fontes radioativas que ofereçam alto risco imediato. Felizmente, não é o nosso caso.

Fonte: IAEA

Memória e História da Política Nuclear no Brasil

segunda-feira, 20 de setembro de 2010
O evento acontece no Auditório do MAST – Rua General Bruce, 586, Bairro Imperial de São Cristóvão – com entrada gratuita. 
Os interessados também podem acompanhar a transmissão da palestra em tempo real pela internet (www.mast.br).

V Curso de Radiofarmácia Hospitalar

domingo, 19 de setembro de 2010

Adoro!!!!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Esse é um dos motivos pelos quais adoro ser física!


Outra forma de registrar a reprodutibilidade dos curiômetros

sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Hoje estava no trabalho e pensei em uma forma de registrar a reprodutibilidade dos calibradores de dose. Ao invés de fazer o gráfico (que é o ideal para acompanhar toda a vida útil do equipamento), pode-se fazer uma tabela que contenha a atividade medida (sem o BG), a teórica, os limites superior e inferior e a variação percentual.
Faça, nesta última coluna uma formatação condicional que se os valores derem abaixo de -5% ou acima de 5% apareça de uma cor diferente. De cara você vai ver se há algo errado.

Reprodutibilidade do calibrador de doses

domingo, 1 de agosto de 2010
O calibrador de doses (ou curiômetro), a meu ver, é o cérebro do SMN (o coração é a gamacâmara). Sem ele não poderíamos aliquotar doses, marcar fármacos ou simplesmente aferir se a atividade pedida foi realmente a que chegou.
Sendo assim, o controle de qualidade deste equipamento é vital para o bom funcionamento do SMN. O teste que vai mostrar como o curiômetro se comporta durante sua vida útil é o teste de reprodutibilidade diário.  Segundo a norma NE 3.05 da CNEN, reprodutibilidade é:
"Concordância entre os resultados de medições sucessivas de uma mesma grandeza, executadas pelo mesmo método, mesmo laboratório, mesmos instrumentos, mesmo observador, mesmas condições e em intervalos de tempo relativamente pequenos."
Isso explica alguma coisa na prática? Não muito...nada, eu diria. A RDC 38 não fala nada sobre isso, só mostra os limites de aceitação.
Um documento que me agrada muito para testes de controle de qualidade é TECDOC 602 - Quality Control of Nuclear Medicine Instruments (IAEA, 1991). Lá diz que a acurácia de um calibrador de doses depende de muitos fatores. A precisão inicial pode mudar com o tempo, como resultado da mudança da pressão da câmara de gás e flutuações eletrônicas. A adição de blindagem de chumbo também pode afetar significativamente a exatidão de um curiômetro devido à contribuição extra de radiação espalhada na blindagem, exigindo alterações nas configurações de calibração. Além disso, a precisão de qualquer medida individual depende da semelhança do material medido com a fonte de calibração original. Especialmente com radionuclídeos de baixa energia, diferentes características de absorção de radiação do material pode causar erros significativos. Além disso, ainda há uma dependência com a geometria da medição, o que significa que os valores vão variar se você colocar a fonte em uma seringa, potinho ou outro lugar qualquer.
Periodicidade deste teste: diária. Sim, diária! Eu sei que na norma da CNEN está anual, mas vamos combinar que com uma medida ao ano, só vamos ter uma análise decente em uns 15 anos (no barato)! Creio que houve um engano e eles querem dizer que a análise dos dados é anual. e não as medidas.
Bora pra prática?
  1. Meça o background (radiação de fundo, vulgo BG). Registre.
  2. Faça o teste da voltagem. A maioria dos curiômetros tem um botãozinho escrito TEST. Clica lá e registre o resultado (com isso pode acompanhar a tensão do equipamento).
  3. Pegue uma fonte de 137Cs (não tem? Providencie. É obrigatório pela CNEN) coloque no curiômetro e registre os valores encontrados para todos os radionuclídeos usados no setor. Acontece muito da reprodutibilidade estar boa para um e para outro não. O que fazer agora? Registre.
  4. Vamos para a análise dos dados. É aí que entra o talento. O limite de aceitação é de mais ou menos 5%. Então, é só fazer um gráfico bonitinho onde constem a atividade teórica, a medida e os limites de mais e menos 5% em cima da atividade teórica (claro).
  5. Voilá! O gráfico vai ter esse jeitão:

 
Lembra de fazer um gráfico desse para cada radionuclídeo, tá? #beijomeliga

Organizando um serviço de Medicina Nuclear

quarta-feira, 28 de julho de 2010
Ao aceitar um convite para ser Supervisora de Radioproteção e um Serviço, a primeira dificuldade é colocar a casa em ordem. A maior parte dos locais onde trabalhei sequer tinha esta figura ou um físico antes de mim. O que encontrei? Papéis desorganizados, falta de controle de qualidade e muita informação não catalogada. Muitas vezes, os testes eram feitos, mas seus resultados não eram analisados ou não eram registrados corretamente.
Sendo assim, achei melhor fazer um registro de todos os testes que devem ser feitos em Medicina Nuclear, com suas periodicidades e registros. A melhor forma para fazê-lo foi a organização em forma de mapas mentais (mind maps). Testei alguns softwares para construí-los e acabei escolhendo o Mindjet MindManager, por ser mais intuitivo e permitir que se anexem imagens, sites e até vídeos no próprio mapa.
O mapa abaixo mostra todos os testes e atividades que um Supervisor de Radioproteção deve realizar em um serviço de Medicina Nuclear. É claro que não constam aí eventualidades, como descontaminar uma área (até porque devemos evitar que isso aconteça).



Clique na imagem para aumentá-la.


Feito com ♥ por Lariz Santana