Outra forma de registrar a reprodutibilidade dos curiômetros

sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Hoje estava no trabalho e pensei em uma forma de registrar a reprodutibilidade dos calibradores de dose. Ao invés de fazer o gráfico (que é o ideal para acompanhar toda a vida útil do equipamento), pode-se fazer uma tabela que contenha a atividade medida (sem o BG), a teórica, os limites superior e inferior e a variação percentual.
Faça, nesta última coluna uma formatação condicional que se os valores derem abaixo de -5% ou acima de 5% apareça de uma cor diferente. De cara você vai ver se há algo errado.

Reprodutibilidade do calibrador de doses

domingo, 1 de agosto de 2010
O calibrador de doses (ou curiômetro), a meu ver, é o cérebro do SMN (o coração é a gamacâmara). Sem ele não poderíamos aliquotar doses, marcar fármacos ou simplesmente aferir se a atividade pedida foi realmente a que chegou.
Sendo assim, o controle de qualidade deste equipamento é vital para o bom funcionamento do SMN. O teste que vai mostrar como o curiômetro se comporta durante sua vida útil é o teste de reprodutibilidade diário.  Segundo a norma NE 3.05 da CNEN, reprodutibilidade é:
"Concordância entre os resultados de medições sucessivas de uma mesma grandeza, executadas pelo mesmo método, mesmo laboratório, mesmos instrumentos, mesmo observador, mesmas condições e em intervalos de tempo relativamente pequenos."
Isso explica alguma coisa na prática? Não muito...nada, eu diria. A RDC 38 não fala nada sobre isso, só mostra os limites de aceitação.
Um documento que me agrada muito para testes de controle de qualidade é TECDOC 602 - Quality Control of Nuclear Medicine Instruments (IAEA, 1991). Lá diz que a acurácia de um calibrador de doses depende de muitos fatores. A precisão inicial pode mudar com o tempo, como resultado da mudança da pressão da câmara de gás e flutuações eletrônicas. A adição de blindagem de chumbo também pode afetar significativamente a exatidão de um curiômetro devido à contribuição extra de radiação espalhada na blindagem, exigindo alterações nas configurações de calibração. Além disso, a precisão de qualquer medida individual depende da semelhança do material medido com a fonte de calibração original. Especialmente com radionuclídeos de baixa energia, diferentes características de absorção de radiação do material pode causar erros significativos. Além disso, ainda há uma dependência com a geometria da medição, o que significa que os valores vão variar se você colocar a fonte em uma seringa, potinho ou outro lugar qualquer.
Periodicidade deste teste: diária. Sim, diária! Eu sei que na norma da CNEN está anual, mas vamos combinar que com uma medida ao ano, só vamos ter uma análise decente em uns 15 anos (no barato)! Creio que houve um engano e eles querem dizer que a análise dos dados é anual. e não as medidas.
Bora pra prática?
  1. Meça o background (radiação de fundo, vulgo BG). Registre.
  2. Faça o teste da voltagem. A maioria dos curiômetros tem um botãozinho escrito TEST. Clica lá e registre o resultado (com isso pode acompanhar a tensão do equipamento).
  3. Pegue uma fonte de 137Cs (não tem? Providencie. É obrigatório pela CNEN) coloque no curiômetro e registre os valores encontrados para todos os radionuclídeos usados no setor. Acontece muito da reprodutibilidade estar boa para um e para outro não. O que fazer agora? Registre.
  4. Vamos para a análise dos dados. É aí que entra o talento. O limite de aceitação é de mais ou menos 5%. Então, é só fazer um gráfico bonitinho onde constem a atividade teórica, a medida e os limites de mais e menos 5% em cima da atividade teórica (claro).
  5. Voilá! O gráfico vai ter esse jeitão:

 
Lembra de fazer um gráfico desse para cada radionuclídeo, tá? #beijomeliga


Feito com ♥ por Lariz Santana