Resistiremos

quinta-feira, 9 de maio de 2019
Ignite Girls Camp - Av. Paulista - maio/2019


Converse com uma cientista - Museu do Amanhã - março/2019 (foto: Guilherme Leporace e Felipe Varanda)

Defesa de doutorado - IRD - março/2019

Converse com uma cientista - Museu do Amanhã - março/2019

Converse com uma cientista - FioCruz - carnaval/2019

Não vou postar uma foto séria, ou triste. Escolhi uma foto onde estou bem feliz, fazendo o que mais gosto. Ser cientista não é apenas um papel social que assumo, mas parte integrante da minha identidade, como eu performo nessa comunidade onde estou inserida. Sou muito comprometida com isso, com o impacto do meu trabalho no meu entorno e olha: não sou a exceção. Todos e todas as cientistas que conheço são absolutamente comprometidas com suas ciências, seus trabalhos e com a comunidade que atendem.
Literalmente tiramos leite de pedra, diminuímos contato com nossas famílias, investimos nosso dinheiro para comprar itens de laboratório, reagentes, papel, tinta para impressora. Tentamos construir um legado (muitas vezes as custas de nossa saúde mental) para fazer o possível e impossível para tocar nossas pesquisas. O que fazemos é importante para o país! Não desistiremos. Não será um corte que vai definir quem somos, no que trabalhamos. Resistiremos.
O que fazemos é importante! Impactamos famílias, melhoramos qualidade de vida do entorno de nossos centros (as vezes o alcance é ainda maior), salvamos vidas, criamos cultura, arte, trazemos soluções sustentáveis para nossos bairros, para cidades, países...para o planeta.
O que fazemos é importante! Estudamos saúde, política, as relações entre os indivíduos. Geramos renda com nossas descobertas, trazemos conforto com nossas técnicas psicoterápicas, criamos tecnologia para facilitar a vida das pessoas.
O que fazemos é importante! Resistiremos! Não estou de luto, estou em luta!

Deixo aqui a tradução de partes de um poema de Maya Angelou – Still I Rise (Tradução de Francesca Angiolillo)

Ainda Assim Eu Me Levanto

Você pode me inscrever na História
Com as mentiras amargas que contar,
Você pode me arrastar no pó
Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.

Minha elegância o perturba?
Por que você afunda no pesar?
Porque eu ando como se eu tivesse poços de petróleo
Jorrando em minha sala de estar.

Assim como lua e o sol,
Com a certeza das ondas do mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantar

Você queria me ver abatida?
Cabeça baixa, olhar caído?
Ombros curvados com lágrimas
Com a alma a gritar enfraquecida?

Minha altivez o ofende?
Não leve isso tão a mal,
Porque eu rio como se eu tivesse
Minas de ouro no meu quintal.

Você pode me fuzilar com suas palavras,
E me cortar com o seu olhar
Você pode me matar com o seu ódio,
Mas assim, como o ar, eu vou me levantar

(...)

Das choças dessa História escandalosa
Eu me levanto
Acima de um passado que está enraizado na dor
Eu me levanto
Eu sou um oceano negro, vasto e irriquieto,
Indo e vindo contra as marés, eu me levanto.
Deixando para trás noites de terror e medo
Eu me levanto
Em uma madrugada que é maravilhosamente clara
Eu me levanto
Trazendo os dons que meus ancestrais deram,
Eu sou o sonho e as esperanças dos escravos.
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto!


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Feito com ♥ por Lariz Santana