Um serviço de Medicina Nuclear se difere dos serviços de Radiodiagnóstico e Radioterapia, principalmente, pelo fato de ser o único a utilizar fontes não seladas. Com isso, ao risco potencial de exposição adicionamos o risco de contaminação e possível incorporação de materiais radioativos. Na Medicina Nuclear há, também, o contato mais próximo do físico com pacientes que passam por terapia com radionuclídeos. Como a nossa profissão não é regulamentada e a há uma gama de profissionais diferentes tratando da radioproteção em um serviço de Medicina Nuclear, é muito comum ficarmos perdidos quanto ao nosso papel.
Em primeiro lugar, temos que entender que, quando se trata de radioproteção, há dois personagens diferentes: o físico e o supervisor de radioproteção. No Brasil, na maioria das vezes, por questões financeiras uma única pessoa assume esses dois papéis, mas é bom saber a diferença entre eles.
O supervisor de radioproteção deve supervisionar (dã) se os requisitos de proteção radiológica estão sendo cumpridos, ou seja, se tudo que está no plano de radioproteção está sendo seguido e se os resultados são compatíveis com que estava previsto no plano. Ele não precisa, necessariamente, executar os testes, aferições e verificações, mas a responsabilidade por eles é do supervisor. Na prática, significa que, mesmo que ele não execute os testes, se der algum problema é o supervisor quem responde.
O físico é o cara que deveria estabelecer um programa de garantia da qualidade, treinar a equipe, analisar os dados dos testes nos equipamentos. Ele é (ou deveria ser) capaz de reorganizar a rotina, caso uma dose elevada aconteça, por exemplo. O físico deve participar do planejamento das terapias com radionuclídeos, no âmbito de dosimetrias e rotinas de radioproteção. Ele também deve ser capaz de ajudar o titular a escolher a instrumentação do serviço, com base em seus conhecimentos das propriedades da interação da radiação ionizante com a matéria. Sendo assim, o supervisor seria o Pink e o físico seria o Cérebro (hehehe).
“(...) Eles são parte de uma equipe interdisciplinar do Departamento de Medicina Nuclear dedicado a fornecer um diagnóstico seguro e eficaz e tratamento da doença usando fontes radioativas não seladas. (...) As funções e responsabilidades do físico de medicina nuclear são diversas. Elas incluem dosimetria, qualidade de imagem, otimização, pesquisa e ensino, de segurança de radiação, garantia da qualidade e gestão de equipamentos. Conhecimento do físico em medicina nuclear das técnicas e equipamentos complexos envolvidos no diagnóstico moderno e tratamento de doenças são essenciais para a aplicação segura e eficaz de procedimentos de medicina nuclear.
Físicos de medicina nuclear aplicam seus conhecimentos de matemática, física e tecnologia para criar, implementar e monitorar os processos que permitem o diagnóstico e tratamento ideal, tendo em conta a proteção contra as radiações. Os físicos são responsáveis por garantir que os equipamentos, sistemas e processos utilizados na medicina nuclear irão produzir o diagnóstico desejado quando aplicados corretamente. Eles devem ser capazes de reconhecer artefatos comuns em imagens clínicas e as medidas de correção para resolver o problema. Físicos de medicina nuclear devem reconhecer e compreender as fontes de erro em estudos de medicina nuclear e são responsáveis pela validação das técnicas utilizadas.
Eles também estão envolvidos no controle do desenvolvimento, implementação, manutenção e qualidade da infra-estrutura (instalações, equipamentos e sistemas de informática clínicos). Eles são cientificamente treinados nas técnicas de medição precisa e gravação numérica que fundamentam um sistema de controle de qualidade adequado para o equipamento usado na medicina nuclear.
O físico de medicina nuclear tem a capacidade de avaliar criticamente as falhas, e atribuir tolerâncias, freqüências de teste e medidas corretivas (...).”