Assim começou a sessão de perguntas do primeiro dia do festival Pint of Science no Mestre Cervejeiro do Flamengo, Rio de Janeiro.
E a pergunta veio com uma explosão de fofura porque foi feita por Nina, uma garotinha esperta de 6 anos. Aliás, desculpe, ela mesma disse que não era uma pergunta e sim um comentário.
Pint of Science é um festival de divulgação científica dentro de bares, aproximando a ciência do cotidiano, cientistas da sociedade que os financiam. Especialmente este ano, este tipo de festival é fundamental para apresentar às pessoas nossa balbúrdia diária, nossa contribuição para ciência e para a melhora de tecnologia, qualidade de vida e bem estar de uma comunidade.
No Mestre Cervejeiro do Flamengo, bar no qual fui coordenadora, tivemos mesas sobre a vida fora da Terra, reciclagem de eletroeletrônicos e a vida sem mosquitos. E posso falar? Os cientistas e a plateia deram um show! Foram três dias úteis, que as pessoas saíram de seus trabalhos, enfrentaram trânsito e lotaram o bar para conversar sobre ciência. Foi lindo, aprendemos muito, tanto cientistas quanto público, a construirmos uma ponte que nos aproxima e promove o diálogo entre nós.
E lembra da Nina? Ela também encerrou as perguntas do primeiro dia. Depois de seu comentário ela quis saber POR QUE não tem vida em Marte? E foi respondida, muito carinhosamente, pelo astrônomo da mesa que explicou com todo o cuidado garantindo que ela entenderia tudo.
E com a pureza e curiosidade legítimas de Nina, do alto de seus seis anos, termino minhas reflexões sobre o evento. Que nos sintamos livres para tecer nossos comentários exercendo o mais puro opinare aude*, que tenhamos a curiosidade de perguntar a quem sabe mais que nós e possamos comunicar para todo e qualquer público nossas pesquisas com o carinho e dedicação que ficaram tão claros durante o festival.
Obrigada Pint of Science, nos vemos em 2020.
*"Opinare aude, deveria ser nosso
slogan: pensar fora dos muros dos paradigmas estabelecidos, ousar, formar nosso
juízo sobre os problemas tratados pelos cientistas e técnicos. Porque devemos
pensar por nós mesmos, e não deixar que os técnicos pensem por nós. Trata-se de
concebermos a opinião, não como uma fatalidade, ligada à impossibilidade de
possuir a ciência, mas como uma escolha voluntária. Neste sentido, como término
de um processo de reflexão sobre a ciência, a tecnologia e seu lugar na
sociedade, a opinião pode ser o ato inaugural de uma ciência realmente democrática.
Ter a coragem de emitir nossas opiniões significa ter a coragem de pensarmos
por nós mesmos e formarmos nosso próprio juízo sem termos pleno conhecimento de
causa." Fonte